Muitas das remotas celebrações que continuam a ter lugar entre nós, ligadas ao primeiro dia de Maio, a apresentar um cunho marcadamente rural, terão como origem antigos ritos e cultos agrários, praticados pelos nossos antepassados, com o objectivo de assinalar o final do Inverno e a chegada da Primavera.
Além das consagrações florais representadas por pequenos ramos de giesta, colocados na noite de 30 de Abril para 1 de Maio, nas janelas e portas das casas – principalmente nas fechaduras –, nos currais, portões, cancelas, carros de lavoura e até nos animais, vamos encontrar, neste dia, outras práticas mágico-profilácticas e supersticiosas que o povo continua a manter (bebidas e manjares cerimoniais), tendo por objectivo a sublimação e erradicação do «Maio», igualmente chamado o «carrapato» ou o «burro», identificado com o mal e a doença – mascarando, assim, discretamente, a personificação do nome temido: o demónio.
Resquícios de ritos pagãos perfilhados pela Igreja, umas vezes a lembrar antiquíssimos cultos agrários, outras de significado menos preciso, o certo é que continuamos a observar nesta data a praxe de se colocarem cruzes floridas, feitas de cana ou madeira, nos campos de linho, de centeio e de trigo, dizendo-se em Nisa «que se vai pôr a cruz no pão».
Com efeito, vários povos e países celebram o primeiro de Maio – que se apresenta com carácter universal –, ritualizando praxes semelhantes às nossas, a lembrar remotíssimos cultos agrários ou festas solares, onde se revelam origens de uma comunidade predominantemente pastoril.
As «maias» chegaram mesmo a ser «proibidas temporariamente em Lisboa, por carta régia, em 1402, e substituídas por «procissões muito devotas», visando, este impedimento, proteger a religião cristã». As celebrações do primeiro de Maio «vistas como rituais pagãos» foram avaliadas por D. João I, numa carta de 1385, «como um costume diabólico e um crime de idolatria».
Este e outros rituais cíclicos do calendário aparecem, por vezes, associados às Florais, festas em louvor de Flora, deusa das flores e dos jardins e mãe da Primavera, realizadas em Roma nos dias 1, 2 e 3 de Maio.
Outra das tradições desta data consistia na «coroa das maias» (feita, por vezes, com flores de papel e enfeitada com laços e fitas de cores), que os rapazes depunham à porta das raparigas tendo, como significado, uma declaração amorosa. Com a mesma intenção, no Alto Alentejo, havia o uso de «deitar a maia», ou seja, de os rapazes atirarem um ramalhete de flores pelas aberturas das casas das namoradas, como testemunho amoroso.
"Há muito tempo atrás, no tempo de Jesus, queriam prendê-lo. Uma noite viram-no a entrar numa casa e resolveram marcá-la com um ramo de giestas, para o prenderem no dia seguinte. Quando amanheceu, por milagre, todas as casas tinham um ramo e como todas eram iguais não foi possível encontrar Jesus."
A tradição de colocar giestas nas portas no dia 1 Maio manteve-se na nossa região, dizendo-se que espanta as bruxarias e os maus olhados."
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